PC Gamer, como escolher?

Como montar um computador PC? Nesta página você encontrará informações que podem ajudar a escolher as peças de melhor custo-benefício para montar um PC, entretanto haverá tendência em optar por componentes de melhor qualidade, durabilidade e desempenho, ou seja, é um custo-benefício dentre componentes intermediários ou superiores.

Kit custo/benefício 2022

Kit custo/benefício 2021

Histórico de preço do Kit 2021

  • Outubro/2021 – R$ 2.065,8
  • Julho/2021 – R$ 2.208,7
  • Junho/2021 – R$ 2.299,60
  • Abril/2021 – R$ 2.577,82

 


GABINETE – Como escolher o gabinete?

Já que gosto de modelos minimalistas, vou optar por um gabinete compatível com placas-mãe Micro-ATX (mATX), que são placas menores que o padrão ATX. O gabinete indicado é peculiar, pois abriga a placa-mãe na posição horizontal (fotos no final do artigo) e, consequentemente, a placa de vídeo na posição vertical, o que dá maior destaque ao design desta. Além disso, essa disposição diminui a pressão do peso do Air-Cooler sob a estrutura da placa-mãe.

Os modelos Microcraft V (preto) ou Microcraft VI (branco) tem laterais totalmente de acrílico transparente (não esqueça de retirar as películas de ambos os lados das laterais). É compatível com fontes ATX e tem 4 slots de expansão de perfil normal, o que permite utilizar uma boa placa de vídeo, de até 30 cm, e ainda uma placa Wi-Fi 6 802.11ax. Não há espaço suficiente para placas de vídeo de três coolers, pois elas medem mais de 30cm.

Esse gabinete possui um Cooler de 200mm (20cm) com LED na parte frontal com de conector 3 pinos (para ativar o LED verifique na BIOS se o modo PWM está ativado para o Fan do Chassi). Um cooler de 120mm (12cm) pode ser utilizado na parte traseira, uma boa opção com 75CFM é o Corsair ML120 PRO LED Azul [R$ 99,90]. Ao instalar o cooler adicional, certifique-se de que ele está empurrando o ar para fora do gabinete, caso contrário você terá uma Air Fryer.

 


FONTE – Como escolher a fonte?

É interessante que a fonte possua ao menos 2 conectores PCI-E (6+2 pinos) para que ela possa atender as placas de vídeos de maior desempenho. Os modelos modulares permitem utilizar apenas os cabos necessários, o que aprimora o visual dos gabinetes com laterais transparentes. O prazo de garantia é um fator importante na escolha da fonte, pois alguns fabricantes fornecem até 10 anos.

As fontes com certificação 80 Plus Gold tem eficiência energética acima da média, o que significa menor desperdício de energia, seja por baixo aquecimento, seja por utilizar componentes eficientes. Além disso, escolher uma fonte com capacidade de alimentação superior a necessária também garante mais economia, ou seja, mantenha a utilização da fonte entre 50% e 70% de sua capacidade.

Embora a maioria das fontes atendam as especificações do padrão ATX, alguns fabricantes conseguem entregar energia mais próxima do ideal, ou seja, voltagens de +3.3V, +5V, +5VSB e +12V com pouca variação e baixo resíduo de supressão da onda alternada (Ripple), mesmo quando a potência utilizada esteja próxima da sua capacidade.

O canal TecLab já avaliou essas características em dezenas de fontes, confira o teste da Fonte Corsair CX 550. Veja na imagem abaixo os limites de Ripple do padrão ATX (à esquerda) e os recomendados (à direita). Infelizmente essas informações não constam na descrição das fontes e só podem ser obtidos com a utilização de equipamentos de teste de carga (test loaders). Os fabricantes Corsair e Seasonic conseguem voltagens próximas das ideais, +3.22V, +4.94V, +4.93VSB e +11.94V com Ripple dentro dos limites recomendados, veja neste vídeo o resumo do teste.

Limite de Ripple

Referências de potência: processador ~65W, 95W ou 125W, cooler ~3W ou 5W, placa-mãe ~35W, memória ~3W ou 5W (cada), placa de vídeo ~75W, 100W, 125W ou 220W (consulte aqui), HD ~9W, SSD ~3W. Ademais, é preciso contabilizar os dispositivos USB, webcam fullhd ~21W. Dispositivos USB 3.1 podem consumir até 100W, embora não seja comum.

 


ARMAZENAMENTO – Como escolher a unidade de armazenamento?

As unidades de armazenamento SSD NVMe são as mais rápidas, elas são conectadas na porta M.2 e comunicam-se pela interface PCI-Express em x4. Dispositivos NVMe com taxas em torno de 3500MB/s atingem a capacidade máxima de transmissão para o PCI-Express 3.0 (x4) e são ideais para placas-mãe compatíveis com Intel até 10ª geração. A 11ª geração e os AMD Ryzen utilizam interface PCI-Express 4.0, suportando dispositivos que alcançam até 7500MB/s, embora essas velocidades de escrita não sejam “integrais”, mas apenas sustentadas enquanto sua cache interna não está cheia.

Por exemplo, o SSD Corsair MP400 consegue sustentar a velocidade de escrita de 3000MB/s durante a escrita consecutiva de 260Gb, após, a velocidade cairá para 120MB/s até que os dados em cache (SLC flash) sejam transferidos para área final de armazenamento (QLC flash). Em cerca de meia hora, a metade da cache é transferida, quando é retomada a capacidade de escrita de 3000MB/s, até que a cache encha novamente.

A maioria dos dispositivos SSD NVMe sustenta a taxa de escrita máxima durante 50Gb a 100Gb (o MP400 leva vantagem nessa característica), reduzindo para algo em próximo de 1000MB/s (o MP400 leva desvantagem nisso), como pode ser conferido neste comparativo, especialmente o gráfico “Sustained Write Performance and Cache Recovery”. A notícia boa é que raramente se escreve todo esse volume de dados de forma consecutiva, por isso o MP400 atende bem, tendo bom custo-benefício.

Algumas unidades NVMe possuem dissipador de calor acoplado, porém só podem ser utilizadas em portas M.2 que não fiquem abaixo da placa de vídeo, pois o dissipador impediria o encaixe da placa de vídeo, isso costuma ocorrer nas placas-mãe mATX, nesse caso opte por um modelo sem dissipador. Sempre verifique a posição da porta M.2 antes de comprar uma unidade com dissipador.

 


PROCESSADOR (CPU) – Como escolher o processador?

O processamento em jogos não é igualitariamente distribuído por todos os cores, havendo, em algum nível, demanda maior em alguns cores, por isso processadores com clocks mais altos, ainda que possuam menos cores, podem conseguir obter um desempenho melhor. Historicamente os processadores Intel tem clocks mais altos que os equivalentes da AMD, garantindo alguns frames por segundo (FPS) a mais.

O processador com melhor custo por capacidade de processamento é o Core i5-9600KF [R$ 999,00] de 9ª geração (socket LGA 1151), porém essa relação de custo-benefício implica em abrir mão de alguns frames por segundo, caso seja possível adquirir um modelo de clock superior.

Em geral, o desempenho em jogos da 10ª e 11ª geração é praticamente idêntico ao da 9ª geração, pois as threads a mais não trazem ganhos significativos para o processamento de jogos. Veja neste comparativo entre cores i5 que o impacto no FPS é mínimo, utilizando a mesma GPU. Este outro comparativo mostra o desempenho por thread, em que o Intel Core i5-9600KF, que é de 9ª geração, tem diferença menor que 10% para o melhor processador da 10ª geração, Intel Core i9-10900K.

Apesar disso, o custo do processador tem uma relação direta com o desempenho oferecido, então costuma-se optar pelo melhor modelo que caiba no orçamento. A tabela ao lado (ou acima) permite entender a relação de preços entre os modelos K, KF ou F. A série K possui um clock nativo maior, além de permitir overclock, já a série F indica que o processador não possui vídeo integrado, por isso possui um preço menor.

Ter ou não ter (série F) vídeo integrado?

O vídeo integrado de processadores Intel ainda não são úteis para jogos, mas permite utilizar o computador caso sua placa de vídeo apresente problemas. Se você tem uma placa de vídeo antiga na gaveta ou aceita que a probabilidade de queimar sua placa de vídeo é rara, você pode optar pela série F.

A série K vale a pena?

Depende da oportunidade de preço, normalmente a série sem-K tem custo-benefício melhor, mas a série K pode valer a pena por uma pequena diferença de preço. Os processadores série K tem o clock nativo maior, o que é uma vantagem mesmo usando em conjunto com chipsets que não permitem overclock, desde que sejam habilitas configurações de performance na BIOS, conforme visto na seção sobre placas-mãe.

 


PLACA-MÃE – Como escolher a placa-mãe?

Caso você opte por um processador Intel série K, placas com VRM (módulo regulador de tensão, ou seja, o circuito que fornece energia ao processador) melhor construído, com mais fases e com dissipadores, são recomendadas. As fases ficam ao lado e acima do processador, cada fase é composta por mosfets, indutores (observe o formato retangular na imagem) e capacitores (formato cilíndrico). Na imagem há 8 fases.

Este comparativo avalia a temperatura do VRM de algumas placas-mãe ao manter o processador sob alta carga (stress) e alto clock (overclock). Nele, o modelo Asus TUF Gaming teve o melhor custo benefício, pois manteve temperatura similar a de placas mais caras, mesmo ao fornecer 1.4V (225W) a CPU.

O socket deve ser idêntico ao do processador, para que seja possível encaixá-lo corretamente, ou seja, socket LGA 1200 para Intel de 10ª e 11ª geração, socket LGA 1151 (V2) para Intel de 8ª e 9ª geração ou socket AM4 para AMD Ryzen.

O chipset é o principal componente das placas-mãe, ele determina o suporte ou não a portas USB 3.2 gen 2, o número de portas SATA ou a capacidade de utilizar frequências mais altas. Os chipsets atuais da AMD são o A520, B550, X570, já para Intel 10ª geração temos o H410, B460, Z490, listados daquele com menos recurso para aquele com mais recursos. Para que optar por processadores Intel, a dúvida está entre o chipset B460 e o Z490, já que o chipset H410 costuma estar acompanhado de um VRM mais simples.

Apesar do chipset Z490 ser o único que consegue habilitar overclock nos processadores série K, o chipset B460M consegue obter excelente desempenho em placas-mãe que tem a opção “Modo Performance”, que resulta em um conjunto de configurações que desabilitam os recursos de economia de energia. Com esta opção habilitada é possível atingir o benchmark esperado no CPU-Z para processadores série K.

 


MEMÓRIA – Como escolher a memória?

A característica que tem maior impacto na performance é frequência (clock), assim opte por memórias com a maior frequência suportada pela a geração do seu processador, por exemplo, 2933Mhz para Intel Core i7/i9 de 10ª geração. O segundo critério de avaliação é CAS Latency (CL), que indica o número de ciclos de clock necessários para acesso ao dado, quanto menor é melhor.

Veja no quadro abaixo que a memória de 3400Mhz CL16 (74,1 nanosegundos) tem latência real menor que a memória de 3200Mhz CL14 (75,2 nanosegundos), isso é uma evidência de que se deve optar primeiro pela maior frequência possível (consulte as especificações do processador), usando o CL como segundo critério para escolher o modelo para aquisição.

Fonte: Peperaio Hardware

A frequência da memória tem relação direta com as suas taxas de leitura e escrita, porém embora a diferença das taxas de leitura e escrita seja considerável (veja neste gráfico), há pouco reflexo no FPS, principalmente para frequências maiores que 3000Mhz (veja os testes de FPS de Red Dead Redemption 2 e Shadow of the Tomb Raider). Já para resoluções mais altas, não há diferença. Assim, os modelos de frequência próxima aos 3000Mhz tem o melhor custo-benefício.

O recurso XMP, que pode ser ativada na BIOS, tem função de autoconfiguração dos clocks máximos da memória. Caso a função XMP não seja ativada, a memória funcionará nas configurações detectadas por SPD (em geral 2400Mhz). Você ainda poderá configurar manualmente os parâmetros de funcionamento da memória na BIOS, mas é algo desnecessário para usuários comuns. Usar dois pentes de memória será sempre melhor, pois habilita a função Dual Channel.

 


COOLER PARA PROCESSADOR – Como escolher o Cooler para processador?

Cooler com heatpipes de contato direto.

Os Coolers para processador mais eficientes tem duas ventoinhas, com mais de 55CFM cada, de 120mm (12cm) e quatro ou mais tubos de calor (heatpipes), com 6mm ou mais de espessura, de contato direto com a CPU, ou seja, quando não há uma base entre o heatpipe e a CPU, sempre com pasta térmica.

Opte pela pasta térmica de maior condutividade térmica, como a Mastergel Maker [R$ 89,90] com 11 Watt/mk. Caso você trabalhe com manutenção, veja a pasta térmica Thermagic Zf-12 [R$ 60,66] que vem em seringas de 8g.

Water Coolers de apenas uma ventoinha são menos eficientes (~10ºC a mais) e devem ser evitados, além disso esse tipo de Cooler está sujeito a vazamentos, o que podem causar perdas de equipamentos.

  • Raijintek LETO PRO Black [R$ 219,00], quatro heatpipes em dissipador único, contato direto, duas ventoinhas de 56 CFM, conector 4-pin RGB e 4-pin PWM.
  • DeepCool NEPTWIN V2 [R$ 269,90], seis heatpipes em dissipador duplo, duas ventoinhas de 74.34 CFM, porém os heatpipes ficam acoplados em uma base, conector 4-pin PWM e 3-pin.
  • Cooler Master MasterAir MA620P TUF Gaming, [R$ 289,90], seis heatpipes em dissipador duplo, contato direto, duas ventoinhas de 53.4 CFM, 2 conectores de 4-pin PWM.

 


PLACA DE VÍDEO (GPU) – Como escolher a placa de vídeo?

O preço da placa de vídeo tem uma relação direta com o desempenho oferecido, então costuma-se optar pelo melhor modelo que caiba no orçamento, entretanto a placa de vídeo com melhor custo por capacidade de processamento é a GTX 1650 [R$ 1.699,90], porém utilizar essa relação de custo-benefício como critério de escolha implica em abrir mão de muitos frames por segundo, caso seja possível adquirir um modelo superior.

Entender a relação de custo por capacidade de processamento pode ajudar a decidir qual placa comprar, parar isso, obtenha neste link a relação de desempenho comparativo das placas com a RTX 3090, que está na coluna Score da tabela indicada, após isto, multiplique pelo preço da placa. Assim é possível normalizar o preço de qualquer placa em função do seu desempenho comparado a RTX 3090.

O menor preço comparado será a placa com melhor custo-benefício. Dentre os modelos listados abaixo, a placa RTX 3070 possui o pior custo por capacidade de processamento, ou seja, você pagará o maior “ágio” ao adquiri-la, já a RTX 2060 está no meio do caminho.

  • GTX 1050 TI – ASUS [R$ 1.217,13]
    • 16,1% do desempenho da RTX 3090, preço comparado: R$ 7.559,01.
  • GTX 1650 – MSI [R$ 1.699,90] melhor custo-benefício;
    • 23,8% do desempenho da RTX 3090, preço comparado: R$ 7.138,66.
  • GTX 1660 Super – ASUS [R$ 3.099,00]
    • 37,9% do desempenho da RTX 3090, preço comparado: R$ 8.176,78.
  • RTX 2060 – ZOTAC [R$ 3.499,90]
    • 44,9% do desempenho da RTX 3090, preço comparado: R$ 7.792,87.
  • RTX 3060 – Gainward [R$ 4.756,75]
    • 54,7% do desempenho da RTX 3090, preço comparado: R$ 8.694,70.
  • RTX 3070 – ASUS [R$7.948,91]
    • 76,3% do desempenho da RTX 3090, preço comparado: R$ 10.416,78.

Informações técnicas

  • ROPs → Processamento de Anti-aliasing;
  • TMUs → Processamento de Textura e filtro anisotrópico (texturas distantes);
  • Shaders → Processamento unificado de Pixel/Vértices;

 


PC-Gamer no Gabinete K-Mex Microcraft V CG-05RC

 

Reinaldo Gil Lima de Carvalho é Analista Judiciário do TRT 8ª Região,
consultor do Debian GNU/Linux e organizador compulsivo do conhecimento.